A dengue aparece e se dissemina, especialmente, nos países tropicais, onde as condições do meio ambiente favorecem o desenvolvimento e a proliferação do Aedes aegypti, principal mosquito transmissor. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), entre 50 milhões e 100 milhões de pessoas são infectadas anualmente em mais de 100 países da maioria dos continentes. A dengue é uma doença febril aguda causada por um vírus de evolução benigna na maioria dos casos. Desde a década de 70, o mosquito transmissor mostrou alta capacidade de adaptação ao ambiente criado pela urbanização acelerada e pelos novos hábitos da população.
Existem dois tipos de dengue, a clássica e a hemorrágica. A primeira geralmente apresenta sintomas como febre, dor de cabeça, dor no corpo, nas articulações e por trás dos olhos, podendo afetar crianças e adultos, mas raramente causa óbito. A dengue hemorrágica é a forma mais severa da doença, pois, além dos sintomas comuns, é possível ocorrer sangramento, ocasionalmente choque e morte. A OMS estima que três bilhões de pessoas vivem em áreas de risco para contrair dengue no mundo. Estima-se que anualmente 50 milhões de pessoas se infectam e 500 mil casos são de Febre Hemorrágica da Dengue (FHD), além de 21 mil óbitos, principalmente em crianças.
Giovanini Coelho, coordenador geral do Programa Nacional de Controle da Dengue, lembra que no período de janeiro a maio existe uma maior transmissão da doença no Brasil, devido às condições favoráveis para proliferação e transmissão do mosquito. “Nesse período é necessário que as ações sejam intensificadas. Tanto por parte das autoridades locais, ou seja, o município deve intensificar ações de limpeza urbana, os agentes de saúde devem visitar e orientar a população. Como também contamos com a efetiva participação da população adotando hábitos que visem à prevenção e a proteção do seu ambiente doméstico contra a proliferação do mosquito”, destaca o coordenador.
O grande desafio para combater o mosquito Aedes aegypti é que sua reprodução ocorre em qualquer recipiente utilizado para armazenar água, tanto em áreas de sombra, como ensolaradas. Por isso, a prevenção e as medidas de combate exigem a participação e a mobilização de todos, com a adoção de medidas simples, como evitar o acúmulo de água limpa nas casas, visando à interrupção do ciclo de transmissão e contaminação. Por isso, o coordenador alerta: “Cada cidadão deve fazer ações simples como, verificar se a sua caixa d’água está tampada, se a calha está desobstruída, colocar areia no pratinho do vaso de plantas. Medidas para identificar todo e qualquer recipiente que possa acumular água e que tenha potencial de se transformar em um criadouro do Aedes aegypti”.
Giovanini Coelho explica que o Ministério da Saúde não executa ações de combate a dengue, que são de responsabilidade dos estados e municípios, e reforça a real missão da pasta. “O papel do ministério é de financiamento das ações, tanto que no fim do ano passado foram repassados mais de 170 milhões para todos os municípios para aprimorar e qualificar melhor as ações de combate a dengue. O ministério também presta assessoria técnica aos estados e municípios. Além de garantir o suprimento de insumos como inseticidas e kits diagnóstico”, finaliza.
Dados – De acordo com o Levantamento de Índice Rápido de Infestação por Aedes aegypti (LIRAa), divulgado nesta segunda-feira (25), pelo MS, os casos graves de dengue caíram 44% e o número de mortes teve retração de 20%, até 16 de fevereiro de 2013, em relação ao mesmo período de 2012. Apesar de os números serem positivos, o coordenador explica que o combate não pode parar. “Mesmo com a redução nos casos graves e nos óbitos, hoje, comparado com o ano passado, nós temos um aumento de casos de pessoas com dengue. É fundamental que se tenha um processo de intensificação das medidas de prevenção. Até porque, esse aumento não se dá de forma homogenia, em todas as unidades federadas e nem em todos os municípios. Eles estão concentrados, mais de 80% dos casos, em cerca de oito estados. Esses municípios devem intensificar suas medidas de resposta e os outros devem manter as medidas”, comenta Giovanini.
Histórico do Ministério no Combate – Em 1996, o Ministério da Saúde propôs o Programa de Erradicação do Aedes aegypti (PEAa). Ao longo do processo de implantação desse programa, observou-se a inviabilidade técnica de erradicação do mosquito no curto e médio prazo. O PEAa teve méritos ao propor a necessidade de atuação multissetorial e prever um modelo descentralizado de combate à doença, com a participação das três esferas de governo: Federal, Estadual e Municipal. Os resultados levaram o Ministério da Saúde a fazer uma nova avaliação dos avanços e das limitações. O objetivo era estabelecer um novo programa que incorporasse elementos como a mobilização social e a participação comunitária.
Tais ações são indispensáveis para responder de forma adequada a um vetor altamente domiciliado. O Ministério da Saúde implantou ações permanentes de combate à doença, como o desenvolvimento de campanhas de informação e mobilização social, o fortalecimento da vigilância epidemiológica e entomológica para detectar antecipadamente surtos da doença e o desenvolvimento de instrumentos mais eficazes de acompanhamento e supervisão das ações desenvolvidas pelo Ministério da Saúde.
Camilla Terra / Blog da Saúde
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